Eu te agradeço por esse afastamento lento e gradual e pela viagem interrompida por seus perpétuos atrasos causados pelo medo de tirar os pés do chão. Agora, a cada dia eu preciso de uma roupa nova desde que minhas malas foram extraviadas para sempre com todo o nosso excesso de bagagem.
Eu te agradeço pela honestidade da sua omissão tão previsível que sempre confundi com meus presságios. Essa ida sem despedida que você covardeou:
''eu finjo que não sei, você finge que não foi.''
E a gente segue inventando que ainda se interessa pelo que começamos a construir juntos,num outro contexto, pra realçar nossos vínculos.
Eu te agradeço a descoberta de que se não seguimos juntos nessas coisas do amor, seja porque talvez eu, veterana enquanto você ama-dor.
Marla de Queiroz
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