terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu quero alguém que divida o chão comigo. Quero alguém que me traga fôlego. Entenderam?

Eu já passei da idade de ter um tipo físico de homem ideal para eu me relacionar. Antes, só se fosse estranho (bem estranho). Tivesse um figurino perturbado. Gostasse de rock mais que tudo. (…) Hoje em dia eu continuo insistindo no quesito All Star e rock´n roll, mas confesso que muita coisa mudou. É, pessoal, não tem jeito. Relacionamento a gente constrói. Dia após dia. Dosando paciência, silêncios e longas conversas. Engraçado que quando a gente pára de acreditar em ‘amor da vida’, um amor pra vida da gente aparece. Sem o glamour da alma gêmea. Sem as promessas de ser pra sempre. Sem borboletas no estômago. Sem noites de insônia. É uma coisa simples do tipo: você conhece o cara. Começa, aos poucos, a admirá-lo. A achá-lo foda. E, quando vê, você tá fazendo coraçãozinho com a mão igual uma pangaré. (E escrevendo textos no blog para que ele entenda uma coisa: dessa vez, meu caro, é diferente). Adeus expectativas irreais, adeus sonhos de adolescente. Ele vai esquecer todo mês o aniversário de namoro, mas vai se lembrar sempre que você gosta do seu pão-de-sal bem branco (e com muito queijo). Ele não vai fazer declarações românticas e jantares à luz de vela, mas vai saber que você está de TPM no primeiro ‘Oi’, te perdoando docemente de qualquer frase dita com mais rispidez. Ah, gente, sei lá. Descobri que gosto mesmo é do tal amor. Da paixão, não. Depois de anos escrevendo sobre querer alguém que me tire o chão, que me roube o ar, venho humildemente me retificar. Eu quero alguém que divida o chão comigo. Quero alguém que me traga fôlego. Entenderam? Quero dormir abraçada sem susto. Quero acordar e ver que (aconteça o que acontecer), tudo vai estar em seu lugar. Sem ansiedades. Sem montanhas-russas. (…) Não existe nada mais contestador do que amar uma pessoa só. Amar é ser rebelde. É atravessar o escuro. É, no meu caso, mudar o conceito de tudo o que já pensei que pudesse ser amor. Não, antes era paixão. Antes era imaturidade. Antes era uma procura por mim mesma que não tinha acontecido. Sei que já falei muito sobre amor, acho que é o grande tema da vida da gente. Mas amor não é só poesia e refrão. Amor é reconstrução. É ritmo. Pausas. Desafinos. E desafios. Demorei anos pra concordar com meu querido Cazuza: ‘eu quero um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida’. Antes, ao ouvir essa música, eu sempre pensava (e não dizia): porra, que tédio! Ah, Cazuza! Ele sempre soube. Paixão é para os fracos. Mas amar - ah, o amor! - AMAR É PUNK.”


Fernando Mello

Um comentário:

  1. Sabe, esse conceito louco de amor que as pessoas tem, de que ficamos loucas, angustiadas por não falar com o cara 10 vezes ao dia, que não pdemos dormir pois ficamos pensando nele, etc e mais outras loucuras, me deixou preocupada quando percebi que estou gostando de alguém. Mas o pior é que eu me perguntava o por que de não estar maluca por ele e ligando a cada 4 segundos, e rindo feito uma idiota(kkkk), pelo contrário, o que eu sinto é uma coisa segura, e não me importa o que vai acotecer amanhã eu quero viver um dia de cada vez. Também acho que isto seja REALMENTE amor.

    beijão'

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